Quanto tempo devemos investir na apreciação das obras de uma exposição? Qual deverá ser a nossa atitude perante cada quadro, escultura, instalação ou proposta de videoarte? O que pretendemos realmente quando visitamos um museu ou uma galeria de arte?
As questões podem pôr-se a todos quantos dedicam algum do seu tempo a essa forma de lazer tornando difícil estabelecer um consenso em relação a todas elas. Mas poucos concordarão com os três personagens de «Bando à Parte», o filme que Jean-Luc Godard rodou em 1964 e onde surge a cena de culto quanto à tentativa de bater o record estabelecido previamente por um americano quanto ao mínimo tempo necessário para visitar o Louvre e, como tal, publicitado no France-Soir. E eis Anna Karina, Sami Frey e Claude Brasseur a correrem que nem uns desalmados pelos corredores da venerável instituição para retirarem dois segundos aos nove minutos e tal em causa, não enjeitando deslizarem nos pavimentos encerados e fintando as tentativas frustradas dos guardas para os deterem. Havendo quem garanta que nenhum deles sabia estar a tratar-se da cena de um filme ali em rodagem.
O único quadro que surge na tela é o alusivo ao Juramento dos Horácios de Jacques Louis David, que subentendia o mesmo pacto feito pelos três atletas amadores. Que, ademais, pretendiam pôr em causa o cheiro bafiento do academismo inerente a essa forma de apreciação da arte.
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