sábado, setembro 04, 2021

Paul Schrader, The Card Counter (2021)

 

Confesso que o cinema de Paul Schrader não me costuma entusiasmar. O próprio argumento que o tornou conhecido - The Taxi Driver (1976) de Martin Scorcese - sempre me suscitou reação ambivalente por o considerar eivado de pressuposto ideológico mais do que equívoco. Mas já então estava em causa o tema da redenção, de que me sinto totalmente alheado. Talvez de tal me sinta afortunado: no essencial nunca vi razões para me arrepender das opções ou comportamentos assunidos. Daí que me sinta distante deste William Tell, interpretado por Oscar Isaac, um homem com passado militar e presidiário, que encontramos a percorrer o circuito dos casinos para ir ganhando a vida como jogador de poker, não querendo ganhar muito dinheiro para não levantar problemas com os seus proprietários, mas evitando perder quanto quer que seja. Vale-lhe o talento para contar as cartas - daí o título do filme! - e conseguir utilizar em seu proveito as reações dos adversários.

Surge-lhe então um jovem, Cirk (Tye Sheridan), que vem desafia-lo a desenterrar o passado e a instá-lo a vingar-se de quem ambos têm motivos para maldizer os respetivos percursos.  Temos então um dos grandes motivos para ver o filme, porque esse major John Gordo é interpretado por Willem Dafoe, cujos desempenhos sempre dão prazer apreciar. E assim se vai até ao passado até essa sinistra prisão de Abu Ghraib onde William cometeu os atos de que nunca mais deixará de se penalizar. E, como Schrader sempre pinta de negras cores todos esses intentos expiatórios fica-nos prometido mais um sofrido calvário para quem a eles se sente tentado.

Anteestreado esta semana em Veneza, o filme conhecerá distribuição mundial a partir do dia 10 de setembro. 

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