Eric Rohmer sintetizou os seus seis contos morais como histórias em que um personagem masculino passa todo o filme embrenhado na sedução a uma outra figura feminina, que o obceca, mas acaba por voltar ao amor inicial por uma outra companheira de que se distanciara de início compreendendo tratar-se de quem afetivamente acaba por lhe interessar.
Quarto título desse ciclo pessoal da sua filmografia, Rohmer rodou A Coleccionadora em 1967 nela inserindo muitos dos valores, que conhecerão exacerbada expressão nos acontecimentos do ano seguinte. Adrien e Daniel são dois dândis, que passam o verão na casa de um amigo comum em Saint-Tropez e aí conhecem Haydée, uma colecionadora de amantes capaz de os irritar por, sendo bela, não ter aquilo que designam como pureza. Porém, um e outro, caem sob o sortilégio da rapariga, que os manipula e seduz. Os dois amigos acabam por se digladiar, separando-se como verdadeiros inimigos.
Há uma vertente misógina em toda a história com o olhar censório masculino para com a rapariga, que assume um comportamento predatório só moralmente aceitável nos homens. Mas, independentemente, dessa constatação ambígua, o filme é divertido, tem excelentes diálogos e constitui uma excelente demonstração de como, mesmo com meios exíguos, Rohmer consegue obra memorável a que se regressa com prazer.
De acordo com as premissas estabelecidas pelo realizador para este ciclo de filmes, Adrien acaba por marcar voo para Londres a fim de se juntar à ex-namorada, cujo convite de aí coabitarem começara por preterir.
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