Nunca compreendi a adesão de que foi merecedor Reinaldo Arenas como escritor, continuando a ter, entre nós, quem lhe vá reeditando os poemas e a autoficção. Li-lhe algumas coisas, mormente o romance que esteve na origem do filme do Julian Schnabel, mas não entendi o empolado interesse mediático como algo mais do que sempre envolve a maledicência de Cuba por parte de certos círculos intelectuais. Eu, que andei pelas muitas ilhas das Caraíbas e aí encontrei cenários de pobreza extrema nas traseiras das fachadas cosmopolitas para turistas verem, sempre considerei curiosa a atenção prioritária dada por muitos à que se vive sob o regime dos irmãos Castro e seus continuadores, quando a falta de democracia e de qualidade de vida é a mesma ou bem pior nalgumas dessas realidades vizinhas. E não, não estou apenas a pensar no Haiti, que seria sempre o exemplo de comparação mais fácil.
O que me leva a não empatizar com Reinaldo Arenas é simples: embora entenda que se tenha dado mal com a indigna homofobia do regime que odiou, ele julgou existir uma espécie de Terra Prometida, mais a norte. E não a achou! Não só ela lhe envenenou o sangue com a sida como o levou ao desespero suicida de nela ver desfeitas todas as ilusões...
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