Oitenta anos de Bob Dylan e oitenta anos de «O Mundo a Seus Pés» de Orson Welles.
Para escândalo de muitos, o primeiro pouco me diz, muito embora há meio século tenha-o acreditado como oráculo de tempos que estavam a mudar.
Reconheço que sim, que mudaram. Mas não de acordo com os ideais utópicos, que eram então os meus. E, quando o vi apóstolo de ideais religiosos, que me eram estranhos, ou o soube acionista de empresas de armamento, o senhor Zimmermann transitou para o lado dos que me merecem indiferença. Sem deixar de entender escandaloso o Nobel, que ficaria muito melhor entregue a Don DeLillo, a Joyce Carol Oates ou a Philip Roth.
Quanto ao filme de Orson Welles é outra a reação. Revejo-o sempre com um enorme prazer, aprendo imenso sobre cinema em muitos dos seus planos e espanto-me como um miúdo de vinte e cinco anos fez obra de tal grandeza. Celebre-se, pois, o bulímico realizador, remeta-se o pífio bardo para a sua mais do que ambígua insignificância.
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