terça-feira, maio 18, 2021

La cancion del que está quieto

 

É possível que, não tivesse havido a pandemia, O Espaço entre nós, o filme de Alice Winocour com Eva Green no papel de uma astronauta a sentir a de dificuldades de deixar a filha de sete anos aos cuidados do ex-companheiro, tivesse merecido melhor acolhimento do que a passagem discreta pelos cinemas ou, atualmente, pelos canais de streaming.  Porque há a inequívoca visão feminina da realizadora perante esta situação concreta de uma conciliação quase impossível entre a realização profissional e a condição de mãe, tema tão atual nesta época em que às mulheres se continua a exigir um empenho familiar, que se entende “justificávelmente” mais aliviado para os homens - vide o contraponto com a ligeireza com que o personagem desempenhado por Matt Dillon encara a sua paternidade.

Mas, porque vou preenchendo tempo a contas com a obsessão relacionada com a doença da Elza, fica-me do filme um aspeto mais secundário, mas que ganha contornos mais relevantes neste momento: a estranheza que poderá vir a ter a Elza quando despertar para a  realidade e sentir que o mundo continuou a existir sem ela, com mudanças, mesmo que para nós quase impercetíveis, mas para ela causadoras de significativo espanto. Porque é isso que fica prometida a Sarah, a astronauta que passará um ano no espaço e perderá o acompanhamento quotidiano do crescimento da filha. Pero el mundo sigue girando... 

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