Valter Hugo Mãe é daqueles escritores atuais de quem (quase) tudo leio. A exemplo de João Tordo, Ana Margarida de Carvalho, Mia Couto ou José Eduardo Agualusa. Se me foi grata a fase inicial, a da descoberta do seu universo criativo em que abordava o apocalipse dos trabalhadores ou a máquina de fazer espanhóis, quando zarpou para outras geografias, que não as nossas - o Japão, a Islândia - o inerente distanciamento a personagens de outras idiossincrasias não obstou a que lhe admirasse a esplêndida prosa, a narrativa fluida e coerente, as conclusões que sugeria.
Agora anuncia-se novo romance, que tem a infância como espaço e tempo revisitados. Recordando-lhes os sofrimentos, mais do que o quanto de grato pudessem conter. E está prometida a empatia por ser tema que, ultimamente, também me preenche em exercícios ficcionais de inesperados resultados. Porque o veículo da escrita vem-me permitindo descobrir o que não clarificara para além do que tinham descortinado os olhos infantis. E se houve quem sugerisse viver para depois sobre tal se escrever, o que o novo romance de Valter Hugo Mãe comporta é a possibilidade de partir da escrita para se indagar melhor aquilo que se experienciou.
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