As condições de repressão são assustadoras, mas as mulheres iranianas dão provas de não se deixarem intimidar.
Sabemos que resistem, mas o documentário de Mina Keshavarz dá-lhes rosto, ouve-lhes as palavras, detalha-lhes os argumentos para mitigarem as condições de sujeição aos homens, que a lei corânica propicia. Um coletivo de militantes rastreia testemunhos sobre as violências domésticas para propor uma lei parlamentar, que as criminalize e penalize os agressores.
“Tinha nódoas negras por todo o rosto e o sangue manchava o casaco. Entrámos no restaurante e as pessoas olharam-nos. Mas ninguém chamou a polícia.” Histórias como esta, relatada por Bitta, são inúmeras no Irão atual. Segundo estudos oficiais ascendem a 66% as iranianas diariamente sujeitas a esse tipo de agressões. Mas nem existem leis, que protejam as agredidas, nem tão-só lares de acolhimento a que recorram, quando a situação se agudiza para além dos limites mais insuportáveis. Razão porque Bitta, doravante separada do seu carrasco, fundou a ONG Soora com outras mulheres para, em conjunto, sensibilizarem outras mulheres a juntarem-se-lhes no combate contra tal flagelo. Mesmo que se sintam permanentemente vigiadas pelos serviços secretos ou mesmo encarceradas devido ao seu ativismo.
Durante um ano. Mina Keshavarz acompanhou-as para traduzir em filme o retrato da sua luta corajosa, que vai muito para além de Teerão e se expande até às zonas rurais onde o problema mais se agrava.
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