quarta-feira, novembro 25, 2020

(DIM) Liebelei , Max Ophüls, 1932

 

Este foi o último filme, que Max Ophüls realizou na Alemanha, antes de dela se ver obrigado a partir devido à ascensão de Hitler à condição de chanceler do Reich. Ao mudar-se para França ainda rodou uma versão francesa - como aliás era muito comum na época relativamente aos maiores sucessos dos filmes falados noutras línguas! - mas, apesar do realizador nunca ter renegado essa obra, a família ainda hoje continua a proibir a sua exibição.

Passado em Viena antes da Primeira Guerra Mundial tem como origem uma obra de Arthur Schnitzler. Temos um tenente, Franz Lobheimer  como amante da baronesa Eggersdorf, mas subitamente mais interessado na filha de um músico, que conhece através do seu amigo Theo Kaiser.

Tudo parece conjugar-se para que ele e Christine tenham um happy ending, quando fatalmente se interpõe o marido da amante a descobrir as provas da relação ilícita da mulher com ele. Resultado: o desafio para a defesa da honra através de um duelo.

Bem tenta Theo impedir esse desenlace, mas não o consegue, acabando Franz mortalmente atingido pelo barão.

Farto dos envelhecidos e absurdos códigos de honra, Théo decide abandonar a vida militar e voltar à vida civil. Ao anunciar a Christine a morte do namorado, vê-a atirar-se da janela num derradeiro gesto de desespero.

O filme começa com uma récita de O Rapto do Serralho e conclui-se com o tema do destino da Quinta Sinfonia de Beethoven, intercalando-se muita música clássica para ilustrar a narrativa dos amores contrariados pelo destino. Mas toda a sociedade corresponde a uma espécie de teatro com camadas sociais bem estratificadas. Tantas quantas as existentes na sociedade desde as classes mais baixas até ao Imperador.

Em Ophüls são sempre as mulheres apaixonadas e infelizes que protagonizam os seus filmes. E Liebelei é aquele em que o realizador mais longe leva essa evidência. Porque é por amor, que Christine acaba por se suicidar...

 

Sem comentários: