domingo, novembro 29, 2020

(DIM) Um Republicano a espreitar os vícios monárquicos

 

Pode um truculento republicano apreciar uma série como The Crown, cuja quarta temporada está atualmente em exibição na Netflix? 

A resposta é sim, porque impressionam os meios avultados investidos para tudo ser credível, tanto mais que os atores e atrizes são mais do que competentes. Mas, sobretudo, porque a realeza britânica mostra a consciência de estar por um fio, salvando-se in extremis quase sempre por obra e graça do acaso. Os seus podres vão-se explicitando - no episódio que hoje vi revela-se o rosto das primas dadas como mortas nos registos oficiais, mas de facto encerradas durante dezenas de anos num manicómio para não serem levantadas questões quanto às possíveis maluqueiras hereditárias.

Ademais demonstra-se que Margaret Thatcher era a víbora, que sempre soubemos ter sido e também ela salva de efémero desempenho como primeira-ministra pela oportuna guerra das Malvinas. Depois de a termos visto como a irritante Scully de Ficheiros Secretos, Gillian Anderson consegue decuplicar essa antipatia ao interpretar o papel de uma mulher sem nenhuma qualidade digna de admiração.

Diana é, claro, a heroína incensada para que os corações piegas melhor se identifiquem com a série, enquanto vítima de uma família enciumada pelos favores populares que desperta e compensando a infelicidade numa descontrolada bulimia.

Em suma, tudo razões para que fique como conclusão óbvia a absurda continuidade de uma tradição monárquica há muito obsoleta.

Há muito espero ver a República proclamada na Inglaterra, em Espanha e, obviamente, na terra natal das minhas netas (Países Baixos). E, mesmo sentando-me, ainda me ocorre a possibilidade de viver o suficiente para ter tais alegrias...

 

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