1. Quem foi Shakespeare? Os mistérios da biografia do dramaturgo de Stratford-upon-Avon só se têm adensado com os sucessivos estudos de quem o tornou foco da sua investigação. Apesar do seu nome surgir pela primeira vez em 1593, ele continua escondido dos documentos que sobreviveram da Inglaterra do seu tempo. Assim como neles não se conhecem reações à sua suposta morte em 1616.
Quinhentos anos depois continuamos a ver adaptações mais ou menos engenhosas das suas peças sem as ajuizar criadas pelo comerciante William Shaksper, em quem muitos apostaram tal responsabilidade. Porque, mesmo faltando os documentos consumidos nos incêndios tão comuns da época, é pouco crível a capacidade de alguém do seu estatuto ter o talento e o engenho para quase contar todas as histórias intemporais da condição humana.
Passará o tempo da comemoração e essa interrogação permanecerá no baú das que só teriam resposta se nos armássemos em detetives com possibilidades de viajarmos no tempo para encontrarmos a seiscentista Inglaterra.
Mas, entre essa possibilidade e a de irmos à procura das possíveis origens portuguesas de Velasquez, estaríamos porventura mais interessados na segunda possibilidade. Quanto mais não seja por uma questão de nacionalismo.
2. Que todas as histórias já foram contadas, repetiu-o Arturo Perez Reverte numa entrevista dada em Lisboa a propósito do lançamento de um dos seus mais recentes romances. Ele acrescenta mais: tudo o que vemos acontecer na política já aconteceu e está reportado nos livros das bibliotecas.
Por isso mesmo seria avisado que tais livros fossem lidos para neles se aprender a forma de evitar os erros, que tendemos a repetir.
3. Um assunto que parece ter regressado ao esquecimento com a azáfama noticiosa criada pelas eleições presidenciais é o dos documentos secretos de 2003, reveladores do envolvimento da Arábia Saudita nos atentados do 11 de setembro. Eles constam do relatório produzido por ordem da Administração Bush, mas foram declarados secretos e sem previsão de virem a ser conhecidos.
Não é que se trate de uma novidade, tanto mais que quinze dos dezanove terroristas eram sauditas e os seus consulados em Los Angeles e San Diego prodigalizaram-lhes apoio nos meses anteriores ao dia em causa. Mas, tendo em conta o papel das autoridades de Riade na instabilidade criada na região, mormente no apoio aos rebeldes sírios ou a uma das fações da guerra civil no Iémen, talvez a situação se alterasse com o Pentágono a ver-se obrigado a deixar cair tal aliado.
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