Os recentes sismos em Itália ou no Chile vieram reiterar a urgência em se alcançar uma forma de os prever e minimizar-lhes os efeitos. Até porque, na população portuguesa, subsiste a assombração do terramoto de 1755, cuja reincidência se teme.
Existem, porém, cientistas apostados em alcançar formas de se aproximarem a essa previsibilidade através da interpretação do comportamento dos animais.
A par das sessões de formação providenciadas nos países mais sensíveis a esses fenómenos (na China, por exemplo) ou da imposição de normas de construção antissísmica em novas construções nas regiões mais afetadas pelas falhas tectónicas (caso da Califórnia), começa-se a estudar o comportamento dos animais face a tais ameaças.
Em 4 de março de 2011, uma semana antes do terramoto e do tsunami, que destruiu muitos quilómetros de zonas costeiras no Japão, cinquenta golfinhos encalharam nas praias próximas de Fukushima, de nada valendo os esforços dos voluntários ao tentarem devolvê-los ao mar. Foi como se, pressentindo séria perturbação no leito marinho eles vissem em terra firme, e o mais longe possível da costa, a possibilidade de salvação.
Chihiro Yamanaka, um dos cientistas mais empenhados em detetar comportamentos anómalos da fauna da região antes dessa catástrofe, concluiu que toupeiras ou serpentes também manifestaram singulares comportamentos relacionados com o pânico por algo de temível prestes a acontecer.
Em Taipé, onde mais de duas mil pessoas morreram como consequência do terramoto de 1999, também se tinham detetado atitudes incompreensíveis das enormes carpas, que tentaram sair do leito dos seus lagos.
Na região italiana, recentemente afetada por sucessivos sismos de grande amplitude, há camponeses que recordam o sucedido em 1976, quando, em vésperas de ocorrências similares, as vacas entraram em incompreensível período de jejum e algumas tentaram libertar-se das cordas que as prendiam, estrangulando-se no vão esforço de empreenderem a fuga. Algo semelhante com o sucedido em Aquila nos dias anteriores ao sismo de 6 de abril de 2009, quando os sapos do lago San Ruffino, a 75 quilómetros da cidade, desapareceram totalmente, escapulindo-se para paragens mais bonançosas.
Em Nanning, na China, onde existem grandes explorações de cobras para fins gastronómicos, elas entraram igualmente em enorme agitação nos dias que precederam um violento terramoto. Por isso foi aí instalado um Centro de Estudos Sísmicos com monitorização constante dos ofídios e a sua correlação com os fenómenos sísmicos aí registados.
Na Califórnia anda-se a explorar outra forma de previsão através da medição das alterações dos campos magnéticos nas bandas de baixa frequência vindas do espaço, forma cientificamente sustentável de correlacionar uma aferição contínua com as manifestações das placas terrestres. Mas também há quem olhe para as abelhas e suspeite das suas alterações de comportamento face a essas ameaças pressentidas, estimulando-as a colher mais néctar como se pretendessem criar uma reserva em função das dificuldades que possam vir a ter nos dias seguintes.
São muitos os cientistas a acreditarem que é uma questão de tempo até se criarem sistemas eficientes de alerta em função da interpretação e medição dos comportamentos da fauna de cada local.
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