Numa vila situada nas encostas montanhosas francesas junto à fronteira com a Suíça a banda filarmónica inicia o ensaio sob a ordem do maestro, que exige silêncio. Entre os instrumentistas amadores há um velho solitário, que gosta de iniciar o dia na pesca, o filho adolescente do maestro, mais afeiçoado às coisas do hard rock, uma jovem mãe, um ginasta, uma camponesa, reformados. E há, depois, toda a pequena comunidade reunida para as comemorações do carnaval em ritmo de fanfarra ou em espetáculos mais exigentes em que a interpretação de música contemporânea obriga muitos dos executantes a excederem-se nos seus talentos e competências.
O documentário, que integrou a seleção oficial do Festival de Locarno em 2013, dura uma hora e constrói-se como se fosse uma composição musical sempre em busca do seu tom mais acertado, alternando sequências da vida quotidiana com as sessões em que a orquestra ensaia ou atua.
Sucedem-se planos fragmentários que, aparentemente dissociados entre si, se conjugam na criação e uma leitura global plena de sentido.
Enquanto as imagens tendem para a abstração - com personagens como se fossem figuras em fuga - a composição sonora, com a respetiva gestão dos sons de fundo, quase ganha a dimensão de uma obra à parte, da autoria de Rhys Chatham.
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