Nos textos anteriores sobre «As Bodas de Fígaro», já vimos que se trata de uma obra de enganos e desenganos, com amores dificultados e outros frustrados: Figaro quer casar-se com Susanna, mas Marcellina, por um lado, e quase todos os demais personagens masculinos por outro, estão apostados em impedi-lo, seja por os quererem para si, quer por verem no sucesso das suas perfídias a forma de se avantajarem na consideração do Conde Almaviva.
Quando o primeiro dos quatro atos se encaminha para o fim, o jovem Cherubino mal tem tempo para se esconder, quando o conde entra no quarto de Susanna para a assediar. Mas logo surge o mestre de música, Don Basilio a pretender da criada os pormenores da intriga, que estava em curso para facilitar a aproximação do candidato a pajem junto da Condessa.
Escandalizado o Conde sai do precário esconderijo onde se acolhera e exige castigo para os intriguistas, que o querem reduzir à condição de esposo traído.
Embora tenha um breve desmaio, devido à emoção, Susanna desperta e logo defende Cherubino, sobre quem diz tratar-se de uma mera criança. Mas o Conde discorda, porque já o apanhara em flagrante no quarto da filha do jardineiro.
É nesse momento que, por azar, Cherubino vê-se desmascarado no sítio onde também permanecia escondido. Vale-lhe que chega nessa altura um grupo de camponeses, conduzidos por Figaro, que vêm tecer loas ao conde.
Em melhor estado de espírito, ele acede a reduzir o castigo a Cherubino, obrigando-o a alistar-se como oficial do seu exército, o que lhe vale um encorajamento de Fígaro a enunciar-lhe as vantagens da vida militar.
Estamos, nessa altura, prontos para o segundo ato, que começa com uma das mais belas árias do reportório das sopranos: «Porgi amor», aqui na versão de Renee Fleming.
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