Nos últimos tempos o cinema de ficção científica tem-nos entretido com algumas aventuras espaciais onde os protagonistas são sujeitos s desafios quase inverosímeis, mas conseguem salvar a pele.
Sandra Bullock em «Gravidade», Matthew McConaughey em «Interstellar» ou, mais recentemente, Matt Damon em «Perdido em Marte» conseguiram-nos entreter em filmes irrepreensíveis na qualidade dos seus efeitos especiais, mas facilmente olvidáveis por não pretenderem mais do que garantir umas horas de evasão a quem os apreciou. No caso deste último já vão longe os melhores filmes do octogenário Ridley Scott - «Alien, o Oitavo Passageiro» ou «Blade Runner» - e cada título só serve para acentuar a irrelevância da quase generalidade da sua filmografia.
Acontece que, recentemente, também vi alguns documentários sobre a vida tormentosa dos camionistas bolivianos ou mongóis, a contas com estradas lamacentas ou lagos (pouco) gelados. Quando os dei por vistos, foi fácil concluir que Hollywood anda a incumbir os seus argumentistas de criar histórias de sobrevivência no espaço, quando as tem perfeitamente disponíveis em várias regiões da Terra.
Imaginem-se dois camiões a cruzarem-se na impressionante «carretera de la muerte» ou a avançar numa brancura inquietante e debaixo dos pneus começa a sentir-se o gelo a quebrar.
É verdade que os camionistas da Bolívia ou da Mongólia não possuem o aspeto glamouroso das estrelas de Hollywood. Mas vivem de nó na garganta em certos momentos dos seus dias em que não basta a vontade em evitar os erros para que o desastre ocorra. Por isso, ao contrário das histórias dos filmes que quase sempre concluem-se com finais felizes, há muitas carcaças de camiões no fundo de precipícios, todas elas a lembrarem a tragédia abatida sobre famílias dependentes de quem ali terá tido o seu último trajeto...
A realidade tende a superar em muito as conjeturas da ficção...
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