Independentemente daquilo em que depois se transformaram, as revoluções lideradas por Mao Zedong e Fidel Castro contaram com um sopro épico, que continua a suscitar viva admiração décadas passadas sobre a sua concretização.
O estoicismo dos que lutaram, e muitas vezes morreram, para tornar vitoriosa a Longa Marcha ou a insurreição a partir da Sierra Maestra não pode deixar de suscitar uma enorme admiração. Idêntica, aliás, à que foi protagonizada por quantos, sob o jugo nazi, nunca deixaram de apostar na derrota dos ocupantes lançando movimentos mais ou menos vitoriosos de partisans em França, na Itália, na Grécia e em tantos outros países europeus.
Para estes dias de verão lancei-me à leitura de «Descamisado», o relato biográfico que o general Enrique Acevedo escreveu enquanto liderava a campanha anti-Unita no território angolano, e em que conta como, rapaz de apenas 14 anos, se alistou nas forças anti-Batista, decidido a aguentar todas as dificuldades para que o objetivo final fosse conseguido: a tomada de Havana.
A fome, o armamento insuficiente e deficiente, a traição de uns quantos cobardes e a incerteza perante o carácter aleatório dos ataques aéreos são algumas das provações por ele relatadas de forma amiúde deliciosa em que nos chegamos a interrogar como foi possível a um exército tão fraco derrubar uma ditadura tão acarinhada pelo imperialismo ianque.
Conclui-se que, em diversas latitudes, as forças revolucionárias conseguiram habilmente pôr fim a muitas ditaduras. O que não descobriram foi como impedirem-se de também o virem a ser...
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