Nos filmes agora estreados nos ecrãs lisboetas valerá a pena dar atenção a «O Preço da Fama», o filme de Xavier de Beauvois, com o sempre excelente Benoît Poelvoorde num dos dois desempenhos principais.
A história diz respeito a um caso real passado em 1978 na Suíça, quando o caixão com os restos mortais de Charles Chaplin é roubado por dois pobres diabos, convencidos de assim acederem a avultado resgate.
Se os dois imigrantes, realmente envolvidos em tão truculento episódio, eram um polaco e um búlgaro, Beauvois escolhe aqui um belga e um argelino.
O registo é o de comédia, que é a melhor forma de não deixar o filme resvalar para o lado do sórdido onde facilmente ancoraria. E compreende-se o enfoque dado, dias a fio, ao sucedido - a tal ponto que, a quase quarenta anos de distância, ainda me lembro de o ter então acompanhado com interesse. É que Chaplin causava uma autêntica veneração em milhares de admiradores. Por uma razão simples, como lembra o realizador através da história real que conta a Jorge Leitão Ramos, na entrevista ao “Expresso”: um dia Chaplin e Einstein assurgiram juntos perante uma enorme multidão, que os aclamou em delírio.
- Consegue perceber a razão para este comportamento?, terá Chaplin perguntado ao pai da Teoria da Relatividade.
- Claro que sim! A si, porque todos compreendem o que você fez! E a mim exatamente pelo contrário!
Em dias de excessivo calor vale a pena dedicar um par de horas a ver este filme num bom ar condicionado!
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