Ainda que “A Separação” ou “O Passado” tenham suscitado reações muito negativas das instituições iranianas, Asghar Farhadi ocupa o papel relevante de embaixador do seu país no mundo ocidental, onde os seus filmes têm sido excelentemente criticados e premiados.
No Irão de hoje o realizador beneficia de um estatuto jamais reconhecido aos seus antecessores, quer se chamassem Mohsen Makhmalbaf, Abbas Kiarostami, ou sobretudo, Jafar Panahi, que continua em prisão domiciliária e proibição de filmar.
Farhadi continua a dizer-se apostado em prosseguir carreira no país dos ayatollahs. Ao jornal «Le Monde» considerou que era como se fizesse a subida a uma montanha e preferisse uma das mais difíceis.
Enquanto os antecessores procuravam a forma de contornar a censura e, por isso, faziam filmes fracos, ele aborda os temas de forma tão realista e frontal quanto possível. O respeito pelas regras (o uso do véu nas mulheres, mesmo nas cenas domésticas, a ausência de contacto físico entre os dois sexos, a ausência de cores vivas) não o impede de olhar os personagens de muito perto, criando com eles uma empatia, que lhes confere uma dimensão universal.
O papel das crianças, o casal, o divórcio, a mentira: são muitos os temas, que alimentam a sua filmografia desde o primeiro título. Mas o mais recente, inteiramente rodado no estrangeiro, já faz pressentir algum esgotamento do método, com personagens demasiado rebuscadas e uma dramaturgia artificial.
Nesta altura justifica-se a curiosidade quanto ao que será o próximo filme de Farhadi para confirmar ou desmentir essas suspeitas...
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