Um dos acontecimentos mais impressionantes dos últimos dias foi o da passagem da sonda espacial New Horizons pelas proximidades do planeta Plutão. O engenho humano de conseguir comandar uma nave do tamanho de um piano de cauda e com um peso de cerca de meia tonelada até a levar com precisão a um local situado a mais de 50 milhões de quilómetros, é elucidativo de quanto evoluiu tecnicamente a nossa civilização.
A conquista espacial não ocorreu com a rapidez por mim almejada quando, em miúdo, me fascinavam todos os pormenores das missões Apollo, transmitidas por esse admirável autodidata chamado Eurico da Fonseca, mas podemos concluir facilmente que, no seu melhor, a espécie humana consegue os feitos mais assombrosos.
Sobre a missão em si já quase tudo foi dito: a surpresa de encontrar em Plutão um planeta maior do que se conjeturava, o que significa logicamente uma sua menor densidade. Constata-se uma maior quantidade de gelo do que já se sabia aí haver, para compensar uma menor quantidade de material rochoso nele existente.
Essa camada de gelo não é, porém, constituída por água, mas maioritariamente de metano, registando-se temperaturas de cerca de –235ºC na sua superfície. Isto quer dizer que quase todos os gases que, na Terra, nos rodeiam nessa forma seriam convertidos em gelo no pequeno planeta pouco maior do que a superfície do Alaska.
O que, porém, mais motiva os cientistas do projeto é o potencial de Plutão enquanto fornecedor de dados passíveis de corroborarem, ou corrigirem, o que já se sabe sobre a forma como foi formado inicialmente o sistema solar.
Há, porém, um pormenor igualmente interessante quanto a esta missão da NASA: a sonda transporta consigo as cinzas de Clyde Tombaugh, o cientista que, em 1930, descobrira a existência do planeta agora visitado. E essa foi a melhor homenagem que se poderia dar a quem dedicou a sua longa vida - Tombaugh morreu já nonagenário em 1997 - à descoberta do que se esconde na infinitude do firmamento.
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