Há umas semanas atrás, quando «Bella e Perduta» passara no Festival de Locarno, já aqui o abordara como um dos projetos cinematográficos mais interessantes de 2015.
Agora, vamos ter oportunidade de o comprovar, já que é com ele, que abre o Doc Lisboa deste ano.
Estreando-se a 22 de outubro no Grande Auditório da Culturgest e repetindo dois dias depois no Ideal Paraíso, veremos como Pietro Marcello se começou por entusiasmar com o esforço do pastor Tommaso Cestrone que, com o seu esforço solitário, procurou salvar das ruínas o Palácio Real de Carditello.
Se esse tema em si já seria interessante pela demonstração do quase total alheamento dos italianos em relação ao seu passado, o filme ganhou nova dimensão com a morte inesperada do protagonista na noite de Natal.
Marcello reorientou, então, o seu projeto para um misto de documentário e de ficção em que faz surgir Polichinelo das entranhas do Vesúvio a fim de salvar o búfalo Sarchiapone da ameaça do matadouro. Teria sido o próprio Tommaso no Além, a pedir-lhe esse favor pelo muito afeto que sentira pelo animal, que adotara e fora seu companheiro. O filme constrói-se então com a fuga dos dois servos, o homem e o animal, pelas paisagens lindíssimas da Campania, onde descobrem uma realidade com que não contavam.
Há assim um esforço quixotesco para contrariar essa realidade economicista onde só contam os investimentos e os seus retornos.
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