sexta-feira, agosto 21, 2015

DIÁRIO DAS IMAGENS EM MOVIMENTO: «Objetivo Monte Branco» de Vincent Perazio

Sempre considerei que, se alguma vez me dedicasse ao alpinismo, não faria a coisa por menos: o objetivo seria o Evereste.
Só há uma dúzia de anos me convenci da impossibilidade de colocar um visto nesse item da check list  das coisas a cumprir antes de envelhecer. Uma folha que, lamentavelmente, deixa inúmeras linhas por anteceder com a sinalética das metas alcançadas.
Porém, ao ver este documentário de Vincent Perazio sobre a tentativa de uma climatóloga, de um físico e de dum vulcanólogo em alcançarem o ponto mais elevado dos Alpes, fui levado a concluir que esticara demasiado a corda de tal ambição. Tomara eu ter conseguido cumprir esta mesma aventura quanto mais a de colocar a barreira demasiado alta para as minhas capacidades. .
O maciço do Monte Branco formou-se há 240 milhões de anos e fica na fronteira entre a França, a Itália e a Suíça. No seu cume mais elevado está-se a 4810 metros de altitude, acima de qualquer outro rival europeu.
Eis-nos, pois, a acompanhar Martine Rebetez, Étienne Klein, e Jacques-Marie Bardintzeff, enquanto progridiam em dois grupos distintos, guiados por Jean-Franck Charlet e François-Régis Thévenet, e pelo médico Hugo Nespoulet.
Nos dois primeiros dias da aventura eles aclimatam-se à montanha para limitarem os efeitos da altitude nos seus organismos.
A ascensão é perigosa, entre o glaciar e o cume pretendido. E o realizador vai intercalando-a com entrevistas a especialistas de diversas disciplinas: geologia, paleontologia, geomorfologia, glaciologia, botânica e ecologia.
Esses cientistas manifestam, quase unanimemente, as suas apreensões a respeito da sobrevivência de muitos dos ecossistemas ali existentes à medida que se alargarem os efeitos do aquecimento global. Durante o século XX, a temperatura média na região aumentou de 1,5ºC, ou seja três vezes mais do que o sucedido á escala mundial. Se ela aumentar mais 3ºC a superfície gelada dos Alpes diminuiria cerca de 80%
É esse o principal móbil do filme: alertar quem o veja para as consequências da forma irresponsável como estamos a gerir os recursos nas nossas sociedades desenvolvidas.
E há também uma verdadeira homenagem ao esforço dos cientistas, dos quais só a climatóloga conseguiu alcançar o cume. Tendo por prémio uma paisagem belíssima, de quase cortar a respiração...


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