Uma distopia: um mundo onde a publicidade está permanentemente a bombardear a população com as suas múltiplas promessas.
Qohen Leth sente-se num mundo estranho e confuso, onde todos os dias parecem iguais. Por isso pretende-se circunscrever à enorme residência monacal, onde vive. Mas é-lhe difícil convencer os responsáveis da empresa da imprescindibilidade de lhe reconhecerem a incapacidade para prosseguir o vaivém diário entre ela e o seu caótico lar.
Existe ainda uma outra razão para ficar em casa: em tempos atendeu um telefonema em que, do outro lado lhe prometiam a revelação do sentido da vida e da razão de existir, mas ficara tão desvairado, que desligara involuntariamente a chamada. Agora obceca-o a possibilidade de lhe voltarem a ligar.
Bainsley, uma cal girl, que conhece numa festa, relativiza-lhe a importância de tal ligação: provavelmente tratava-se de uma qualquer campanha publicitária para venda de timeshare em Maiorca…
Ele tem, porém, a sorte de ser incumbido pela Gerência (papel desempenhado por Matt Damon) de demonstrar o Teorema Zero, nem que isso o obrigue a trabalhar até à exaustão, se não mesmo até à loucura. Por isso existem câmaras a escrutinarem-lhe o mínimo movimento nas vinte e quatro horas por dia.
Mas o Teorema em causa prima pela futilidade: tende a demonstrar que o Universo é em si uma inutilidade. Por isso nunca conseguirá concluir o trabalho, apesar da ajuda de Bainsley (que o vem distrair com uma falsa felicidade virtual) e de Bob, o génio informático de quinze anos, que já sabia programar antes de nascer.
Qohen acaba por destruir as câmaras, que o vigiam, bem como os instrumentos de trabalho, acabando por se precipitar no Buraco Negro onde, porventura, será possível a regeneração.
Embora fustigado pela crítica internacional, o filme do ex-Monty Pithon tem o habitual delírio visual, com que tenta passar conteúdos irreverentes, quase invisíveis dentro da alucinação presente do primeiro ao último minuto...
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