1. Pequeno Auditório do CCB cheio para apreciar a soprano Carolyn Sampson e o agrupamento Concerto de’ Cavalieri do maestro Marcello Di Lisa, na interpretação de música do século XVIII, focalizada na entoada por uma suas cantoras líricas mais conceituadas, a mezzo-soprano Faustina Bordoni, que a terá levado às cortes de Veneza, Nápoles, Londres ou Veneza.
À exceção da Suite de Haendel nenhuma das obras mais conhecidas do barroco integraram o programa, que se quis tão próximo quanto possível da sonoridade então conhecida, imposta pelo recurso a instrumentos de época e com os executantes - obviamente com exceção das violoncelistas e do cravista - a atuarem de pé.
Talvez porque não se verificou o efeito de “revisão da matéria dada”, não foi espetáculo que me enchesse as medidas. Até porque, apesar de galardoada com imensos prémios, a soprano não impressionou pela intensidade dos agudos ou pela coloratura da voz. Mas, em geral, este e outros semelhantes, garantem agrado bastante para justificar a deslocação. Quanto mais não seja para conhecer quem antecedeu Luísa Todi enquanto apreciada voz internacional da grande música erudita.
2. Felizmente não estive na plateia do Teatro São Luiz durante a ação ativista de um artista transsexual contra o ator, que interpretava um dos principais papéis de Tudo sobre a minha mãe, que acabou por ser despedido.
Por um lado não me seduziu ver em palco o que Pedro Almodovar criou como filme memorável. Mas, acaso me confrontasse com esse protesto, que escamoteava o facto de um ator não se identificar obrigatoriamente com as características da sua personagem, não poderia deixar de patear o sentido dessa luta. É que, enquanto espectador de uma proposta cultural, interessa-me apreciá-la e ajuizá-la. Quanto às lutas das minorias sexuais considero que só se prejudicam quando colhem a antipatia de quem, em principio não as antagonizavam, mas veem as suas expectativas e conforto postos em causa.
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