Se for outra a apetência para gerir o displicente tempo livre, The Bigamist, realizado por Ida Lupino em 1953, pode revelar-se melhor alternativa, porquanto, não se tratando de um policial tão ao gosto do início dessa década, segue-lhe a metodologia, quando um homem permite a investigação sobre o seu passado a pretexto da adoção de uma criança, que a esposa pretende levar por diante depois de fracassada a hipótese de ser ela a garantir progenitura própria.
O problema de Harry (Edmond O’Brien) é o de manter uma clandestina duplicidade amorosa, tendo Eve (Joan Fontaine) como esposa em San Francisco e Phyllis em Los Angeles, nenhuma delas suspeitando da existência da outra.
O excelente Edmund Gwenn interpreta esse Mr. Jordan, que se incumbe da investigação sobre a probidade moral do candidato a pai da criança a adotar por Eve, e aproxima-se da verdade, que tanto atemoriza Harry. Porque estamos numa sociedade hipócrita em que o adultério é tolerado, se não mesmo aceite, mas criminaliza a bigamia.
Ida Lupino, que não perdia a oportunidade para explorar discurso feminista e encarna Phyllis, constrói o argumento em torno da duplicidade de um homem condenado a vertiginoso turbilhão dramático de que se viu involuntário responsável.
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