1. Francamente não sei que pensar, mas olhei com interesse para as experiências hospitalares em curso em Berlim e Mannheim, que parecem garantir resultados terapêuticos muito promissores no tratamento das depressões e na superação de traumas recalcados graças aos compostos extraídos dos cogumelos mágicos tornados famosos nos anos 60 por garantirem experiências alucinogénias.
Num documentário recente assinado por Mirjana Momirovic e Caroline Haertel - Les psychédéliques, des drogues qui soignent ? -, revelam-se as virtudes da psilocibina, nome científico do LSD, sem omitir as reservas de gente muito respeitada na classe médica, que não poupa nas palavras para alertar quanto aos efeitos secundários dessa solução. Por ora o assunto continua envolto em intensa controvérsia.
2. Quinze anos depois dediquei quase duas horas a Elegia, a adaptação que Isabel Coitxet fez de O Animal Moribundo de Philip Roth. E, como de costume, nas adaptações cinematográficas de romances do escritor nova-iorquino o resultado deixa sempre a desejar, mesmo contando com Ben Kingsley, Penelope Criz ou Dennis Hopper para o caucionar com as suas interpretações.
David Kepesh é um professor universitário, espécie de alter ego do autor, incapaz de se fixar sentimentalmente em alguém, até ao dia em que uma jovem aluna cubana vem habitar-lhe o leito. E a sua beleza torna-se-lhe obsessiva, fazendo-o comportar-se como sabe, de antemão, ser errado. Por isso perde Consuelo até ao dia em que a relação entre ambos vira melodrama piegas, que é a pior estratégia para abordar uma trama pela qual Roth pretendera aprofundar a sua própria relação com o envelhecimento.
Única vantagem da experiência: a vontade de revisitar a prosa do escritor cujas leituras me deram invariável gozo, mesmo dando alguma razão a algumas furibundas feministas, que o classificavam de intolerável misógino.
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