No cinema português existe um mistério chamado Bárbara Virgínia. Porque dela pouco mais sabemos do que ter sido a primeira mulher a realizar um filme comercial entre nós - Três Dias sem Deus que, em 1946, foi a concurso no Festival de Cannes - do qual só restam vinte cinco minutos de imagens e uma parte sonora sem correspondência com essas sequências. A Cinemateca apresenta-as com alguma regularidade, como sucedeu este mês no âmbito de um ciclo intitulado “Com a Linha de Sombra”.
Da época em que se estreou ficou do filme a memória da boa receção dos espectadores e da crítica, sugestionados pela atmosfera gótica, que tinha Rebecca e O Monte dos Vendavais como inspiração para a adaptação de um romance de Gentil Marques.
A própria Bárbara incumbia-se de um dos principais desempenhos dessa história passada num castelo em que o seu dono firma um pacto com o Diabo.
Sem outras obras conhecidas, Bárbara Virgínia bem poderia ter conhecido estatuto relevante numa cinematografia nacional, que tenderia a afundar-se na mediocridade da década seguinte após o breve fulgor de algumas comédias estimáveis.
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