Pensa-se que, ao entrar num buraco negro, a ação da gravidade faz com que a matéria estique e alongue na direção do seu centro. Até ser estilhaçada numa espécie de “espaguetização”. Se existir uma singularidade essa matéria passa a integrá-la nela desaparecendo para sempre.
Tese alternativa propõe que essa compressão, para dela emergir um novo universo, não aconteça. Porque esses universos já estão contidos no buraco negro como poderá ser o caso deste em que vivemos. Quem defende esta hipótese alternativa baseia-se na teoria de Einstein e no seu desenvolvimento ulterior por muitos outros físicos.
Seja uma, seja outra, ou não seja nenhuma delas, a verdade é que os buracos negros têm alimentado a fantasia dos autores de ficção científica. Em 2009 o filme Star Trek de J.J. Abrams fez do buraco negro o maior e mais perigoso dos vilões. Cinco anos depois, com Interstellar, Christopher Nolan tentou especular sobre como poderá ser o interior de um buraco negro.
No debate científico atual, a quantidade de matéria e energia acumulada num buraco negro pode concentrar-se num ínfimo grão, que acabará por explodir. Na teoria do Big Bang defende-se que essa matéria e energia desaparece e decompõe-se para sempre ao passar por uma pequena abertura que corresponde à tal Singularidade, infinitamente pesada e infinitamente pequena.
Apesar de matematicamente exequível esta hipótese continua a ser fisicamente insatisfatória. Daí haver - caso de Nikodem Poplawski - quem porfie nos modelos sem Singularidade, considerando-a inviável pelo fenómeno de torção a que a matéria absorvida pelo buraco negro se sujeita e dentro dele se acelera. O que a impede de alcançar esse suposto ponto de singularidade.
O spin correspondente a essa torção acaba por agir como força antigravitacional causando o que designa como o Big Bounce ou Grande Salto. O nosso Big Bang mais não seria do que uma destes eventos criadores, que excluem a possibilidade de um momento inicial para tudo quanto existe. Neste caso o buraco negro constituiria uma espécie de portal para outros universos.
Porque não pode ser demonstrada pela observação esta tese é entendida como interessante e matematicamente exequível, mas sem conseguir-se comprová-la no estado atual do conhecimento. Como, por outro lado, não há meios para refutá-la.
Há, porém, quem tente esse impossível investigando o período inicial do nosso universo, que chega aos radiotelescópios na forma de um eco correspondente ao momento imediatamente a seguir à explosão inicial, a chamada fase da inflação. Medir essas ondas gravitacionais poderá dar resposta a esta polarização entre os defensores do Big Bang e os do Big Bounce, mas muitos anos faltarão para que esse objetivo seja tangível...
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