Em poucos dias vi citada a Ilha de Saint Thomas nas Caraíbas como sítio onde os The Mamas and Papas foram passar uma temporada a drogarem-se, quando o psicadelismo estava no auge e onde, em 1830, nasceu o pintor Camille Pissaro.
Ambos os factos eram-me desconhecidos, quando ali estive nos finais dos anos 70, deparando com o calor húmido de uma ilha caribenha tradicional, um barco do tempo dos piratas fundeado em frente ao porto e uma pequena capital quase sem gente nas ruas.
Sobre o pintor impressionista - que tanto influenciaria a arte da segunda metade do século XIX com as representações de Paris à chuva -, fica a noção de ter nascido numa próspera família de comerciantes, que esperava vê-lo empunhar o testemunho do bem sucedido progenitor.
Assim não sucedeu e, pior ainda, Pissarro encontrou bons motivos para um anticlericalismo ateu e um anarquismo, que sempre o norteariam ideologicamente no futuro. Bastou deparar-se com a realidade esclavagista e entender-lhe quem dela se aproveitara.
Há quem questione o que teria acontecido na estética dos seus contemporâneos se ele tivesse cedido aos ditames familiares e ficado na ilha então subordinada à coroa dinamarquesa mas será exercício fútil, porque Pissarro zarpou da ilha logo que possível e foi para Paris revolucionar a forma como a pintura refletia a realidade à sua volta.
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