segunda-feira, novembro 13, 2023

Os Fantasmas de Ismael, Arnaud Desplechin, 2017

 

Embora assinado por quem nunca me fez apreciar as suas obras labirínticas, este é daqueles filmes cujo elenco - Amalric, Gainsbourg, Cotillard e Garrel—bastaria para me pôr a salivar.

Há depois as referências cinéfilas e literárias - mormente a Hitchcock e a James Joyce - que dão tempero singular a uma história sobre uma mulher disposta a viver duas vezes como a Kim Novak de Vertigo. Também ela chamada Carlotta, desaparecera do radar do marido vinte e um anos atrás e, sem dizer água vai, água vem, foi viver como e com quem quis. Agora, viúva do companheiro mais recente, vem instalar-se no quotidiano do ex-marido, disposta a reaver tudo quanto deixara para trás. Sem escrúpulo quanto ao evidente egoísmo e às consequências do seu gesto.

O problema está em que Ismael já encontrara equilíbrio na relação com uma astrofísica, a única capaz de lhe dissipar os bloqueios criativos, que o impedem de concluir a produção do mais recente filme da sua lavra. O que sugere a clara identificação do realizador com o protagonista do seu filme a exemplo dos seus títulos anteriores de que este parece assumida síntese.

Se não me entusiasmou de todo, reconheço existirem nestes fantasmas de Ismael matéria bastante para equacionar questões, que pecam por excessivas em quantidade, mas parcas em substância... 

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