Num programa do canal franco-alemão ARTE reencontro dois dos grandes símbolos da cultura brasileira: Heitor Villa Lobos e Garrincha. Que muito naturalmente me interessam, o primeiro por dar à música erudita do seu país uma conotação identitária, que tem a ver com a luxuriante natureza pressentida nas suas pautas. Em vez de replicar Bach ou Beethoven o compositor buscou a originalidade no que era especificamente brasileiro e tão enfatizado era pela ditadura de Getúlio Vargas. Embora nunca a tenha apoiado especificamente, Villa Lobos aproveitou-se do contexto favorável para concretizar um projeto criativo, que redundaria no clímax de chegar a ter quarenta mil pessoas num estádio para lhe cantar uma das obras..
Pessoalmente resgato a grata reminiscência de acordar mais cedo num domingo para, num dos saudosos Dias da Música no CCB de Mega Ferreira, assistir à Bachiana nº 5 como primeiro concerto da manhã no Grande Auditório.
Quanto a Garrincha, e muito embora, o fenómeno futebolístico me seja indiferente, interessa-me o percurso do homem que causou escândalo na relação com Elza Soares, quando ela era figura maior da oposição à ditadura, e depois perdeu-se nos meandros da álcool, morrendo na miséria aos 49 anos depois de uma daquelas bebedeiras que o levou literalmente do caixão à cova.
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