Vida de Cão é uma conseguida sátira social em que Chaplin estabelece um evidente paralelo entre a vida de um vagabundo e a de um rafeiro sem dono. Enquanto o primeiro rouba a comida com que mitiga a fome e rivaliza com desempregados numa agência de emprego, o segundo também o imita na obtenção do que come e nas lutas desiguais com mastins assustadores.
Realisticamente, embora ideologicamente preferíssemos ver o contrário, não há aqui qualquer solidariedade entre os desfavorecidos, a polícia é omnipresente e os ricos mostram-se indiferentes à pobreza à sua volta.
Num happy end incomum na sua obra - em que os finais ambíguos preponderam! - o protagonista encontra salvação nos braços de uma rapariga despedida de um cabaré por não mostrar qualquer competência como alternadeira. Mas, até nesse desiderato não se livra de suscitar o inesperado sorriso, quando se constata a natureza dos prometidos rebentos, que lhe prometera irem conjuntamente criar.
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