quarta-feira, outubro 18, 2023

Hector Berlioz, A Sinfonia Fantástica, 1830

 

A melancolia dos amores, que constituem inacessível miragem, é o sentimento romântico, que melhor caracteriza a Sinfonia Fantástica, dada a conhecer em 1830 por Hector Berlioz.

Ele acabara de viver a rejeição de uma atriz britânica por quem se enamorara e se mostrara liminarmente desinteressada na sua atenção. Por isso existe um tema musical, que perpassa os cinco andamentos da sinfonia, como se expressasse a ideia fixa de uma emoção intensa condenada a frustrar-se. Mas, na sua composição iniciada três anos antes, Berlioz tem outra paixão em mente como reconheceria depois nas memórias póstumas: a que nutrira por Estelle Fornier, que conhecera aos 12 anos na região de Grenoble onde a família tinha importantes vinhedos. Com 18 anos a rapariga mostrou-se complacente com as inocentes tentativas de sedução do petiz, mas partilhou do regozijo dos que as testemunharam e as acharam candidamente encantadoras.

Berlioz confessaria que, afinal, toda a vida alimentaria em si esse amor platónico por Estelle. Que seria com quem desejaria valsar no segundo andamento da obra, que após as cenas campestres do movimento seguinte, ganha depois o carácter sombrio do sonho final com as feiticeiras predispostas a orgíaca exacerbação.

Na obra, que será um dos grandes momentos musicais do romantismo, Berlioz quis perenizar o que sentiu ao experienciar os êxtases e sofrimentos do Amor.


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