Difícil conhecer a obra de Nazim Hikmet, o poeta turco, que viveu entre 1902 e 1963, de quem Pete Seeger cantou alguns poemas. Mesmo nas plataformas mais conhecidas da net o seu Paysages Humains surge com a anotação de “esgotado”. E, no entanto, trata-se de obra muito elogiada por, no misto de poesia, romance e crónicas, dar conta das pessoas simples do seu país como se fossem celebridades já que Hikmet entendia serem interessantes todas as vidas só dependendo da perspetiva escolhida para as abordar.
Filho de um paxá de Alepo, Nazim chegou a Istambul aos cinco anos e seria inspirado para a poesia pelo amante da mãe, um dos escritores turcos mais importantes do início do século XX. Mas, depressa se emanciparia dessa tutela, optando por uma escrita vanguardista, influenciada pela vanguarda bolchevique, que o levaria a visitar Moscovo em 1922.
Comunista convicto depressa seria preso por um regime kemalista cada vez mais autoritário, que compreendeu a mensagem revolucionária de um romance do autor, que apelava explicitamente à revolta contra os ditadores. Aos 30 anos viu-se condenado à morte, mas a pena foi comutada: seria nos doze anos passados no cárcere de Bursa, que escreveu essas paisagens humanas tão celebradas pelo conhecido trovador norte-americano, também ele convencido de que we shall overcome.
Libertado em 1950, Hikmet optou pelo exílio nunca mais voltando ao seu país e já sem aí ver a sua obra autorizada a livre circulação da sua obra.
Sem comentários:
Enviar um comentário