terça-feira, outubro 24, 2023

Zainul Abedin, um artista consciente da luta de classes

 

Começou por ser o pintor do Bramaputra, rio que atravessa o Bangladesh antes de desaguar no Ganges. Nascido numa família da elite colonial, já que o pai era polícia ao serviço da coroa britânica, Zainul Abedin iria evoluir para as intenções independentistas de acordo com a ideologia marxista, que o nortearia na segunda metade da sua vida.

O ponto de viragem aconteceu com a grande fome durante a Segunda Guerra Mundial, quando os britânicos açambarcaram todos os cereais do país para alimentarem os seus soldados na luta contra os japoneses no Extremo Oriente.

Os desenhos desse período expressam a miséria extrema de uma população, que fugiu dos campos para as cidades em busca da sobrevivência e não a pôde encontrar. O sofrimento do povo, que também soube ser o de todos os outros do mundo, consolidou-se-lhe na consciência e a natureza, que fora tema privilegiado dos seus anteriores quadros paisagistas, passaram a incluir o elemento humano com preponderância crescente até culminar no Combate, o seu quadro mais conhecido, datado de 1976, ano em que morreu aos sessenta e um anos, cinco depois de ver o seu país libertar-se da tutela paquistanesa.

Embora o Bangladesh já não tenha grandes semelhanças com a República Popular, que se anunciou na constituição, que Abedin foi convidado a ilustrar, ele continua reconhecido como artista mais importante do seu país, com obras suas a ilustrarem selos e as notas emitidas pelo seu banco nacional. 

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