Degas ou Caillebotte aprimorariam essa definição de enquadramento sobre o que sucedia à sua volta, subalternizando a até então prioritária perspetiva. O aleatório, o acidental também passaria a integrar o que surgia na tela e a que os fotógrafos também dariam crescente expressão. Tudo passara a ser observável como se fosse um espetáculo.
L’Oeil, le Pinceau et le Cinématographe é um documentário que convida a equacionar a forma como olhamos para os quadros, as fotografias e os filmes, e como eles se interligaram para representarem a realidade que, na viragem do século XIX para o seguinte, mudava aceleradamente. A tal ponto que, a partir dos balões capazes de sobrevoarem as cidades, ou de estruturas como a Torre Eiffel, seria a visão a partir de cima do existente, que se possibilitaria.
Há quem considere que, ao permitir o desfile das imagens em marcha atrás, a única verdadeira inovação do cinematógrafo terá sido essa possibilidade de ver o tempo a retroceder. Porque, nos primeiros anos, os cineastas reproduziram as composições concebidas pelos pintores e fotógrafos: Alice Guy ou Ferdinand Zecca conceberam os filmes como fotogramas isolados, que correspondiam a outros tantos quadros ou fotografias.
Seria Griffith a iniciar a construção de uma gramática visual, que emanciparia o cinema das referências até então omnipresentes, aprofundando o conceito de olhar coletivo do que era proposto como espetáculo ou obra artística.
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