Nada sabia sobre Coisas de Homens, o filme que Lucas Belvaux assinou em 2020 e tendo os traumas da guerra da Argélia como pretexto para as desavenças entre os habitantes de uma pequena vila de província. O alibi para investir uma hora e três quartos na sua apreciação residia no elenco, que integrava três muito meritórios atores do cinema gaulês: Gérard Depardieu, Catherine Frot e Jean-Pierre Darroussin.
Pena que Lucas Belvaux, ou o romance de Laurent Mauvignie em que se baseia, desperdice tanto que aflora à superfície sem o aprofundar: o papel da igreja católica na formatação dos jovens, que por ela se deixam enfeudar, a crença nos slogans patrióticos, que contradizem as memórias ainda recentes da ocupação nazi, a marialvice tacanha de quem vê o sexo feminino como instrumento de prazer (mesmo violando-o!), mas ao mesmo tempo de temor.
Mais do que a história em si deu para recordar que as consequências mentais de se ter ido à guerra matar e visto morrer marcou uma geração de franceses, também eles manchados pelos seus Wiriyamus. Mas Coisas de Homens fica como mais um exemplo de como tendo potencial para ir mais longe, uma realização inábil o deixou a léguas dessa justificada expetativa...
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