Francamente tenho dúvidas embora o realizador enfatize a importância de ver cinema nos ecrãs das salas escuras, de preferência sem pipocas, e com todo o antigo ritual de nos sentarmos numa plateia e rendermo-nos ao que se projeta à nossa frente.
Há muito tempo, que o cinema de Spielberg me não entusiasma, oscilando entre o piegas (A Lista de Schindler), o exaltado heroísmo (O Resgate do Soldado Ryan) ou o chato para burro (Lincoln). Se acho piada a algumas coisas (o parque dos dinossauros, as aventuras de Indiana Jones e os encontros com os extraterrestres), reservo maior admiração aos primeiros filmes, particularmente o da perseguição de um camião a um pobre vendedor ambulante (Duel). E não é de esquecer o quanto o seu Tubarão contribuiu para a caça a um animal depois colocado na lista das espécies em extinção.
Em Os Fabelman ele decidiu contar a infância e a adolescência quando, ao fascínio pelo cinema se contrapôs a separação dos pais. Os críticos não têm poupado nos elogios, mas convenhamos que têm sido eles a contribuírem para a sobrevalorização de um realizador aquém do merecimento do estatuto de autor. Por isso mesmo julgo que só verei o filme estreado neste Natal ao som de tantas trombetas nalguma tarde de domingo em casa, quando um dos canais por cabo o integrar na sua programação. Sem a ajuda de pipocas, mas porventura de uma bebida agradável, que melhor me ajude a suportar a banalidade de uma filmografia, que o tempo se encarregará de arrumar nas prateleiras das coisas obsoletas...
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