domingo, março 07, 2021

(DIM) As histórias que se repetem, que se repetem, que se...

 

Eu sei que Wim Wenders disse em tempos que todas as histórias estavam contadas, não sobrando aos argumentistas nenhuma hipótese de criação de algo original. Mas também não havia necessidade de multiplicar descarados pastiches em que as variações a partir da ideia inicial nada tendem a oferecer de novo.

É certo que os estúdios de Hollywood, quando aceleraram para a oferta de filmes, que dessem vazão à procura crescente de espectadores nas suas imensas salas de cinema dos tempos anteriores à televisão, depressa se apressaram a confecionar filmes de série B, que repetissem invariavelmente os mesmos argumentos, variando-lhes os nomes dos personagens, os atores e atrizes a interpretá-los e, quando a imaginação a tal chegava, até a mudança de género traduzindo em policiais o que, antes se vira em westerns, ou comédias transformadas em lacrimosos melodramas.

O que as atuais plataformas em streaming estão a propiciar é uma dinâmica similar.  Porque há um portfolio de títulos «originais» a preencher vale tudo para parecer que a oferta é constante e imaginativa. Constante, sê-lo-á decerto, mas quanto a imaginação, é coisa bem mais discutível.

Vem isto a propósito de Palm Springs, que um quase anónimo Max Barbakow assina e até conseguiu ser tido como acontecimento de monta no mais recente Festival de Sundance. Agora a Hulu, que produziu, a coisa, e está a embandeirar em arco com a sua distribuição mundial, vai-se a ver é trata-se de cópia rasteira de O Feitiço do Tempo, o filme de 1993 assinado por Harold Ramis e que deu a Bill Murray uma das suas mais expressivas interpretações.

Só que, nesta variante, não se trata do dia de nenhuma marmota, mas o de um casamento em que o protagonista, Niles (interpretado pelo não menos desconhecido, Andy Samberg, ainda que com numerosa filmografia), é um dos convidados e o revive numa interminável sucessão de dias. A única diferença reside no facto de a réplica de Andy MacDowell, ser aqui uma tal Sarah, irmã e dama-de-honor da noiva e também ela presa na mesma armadilha do tempo. E lá temos os dois a multiplicarem-se em expedientes para se livrarem do malfadado 9 de novembro, enquanto vão incrementando as razões para se aproximarem um dos outro... 

Sem comentários: