sábado, janeiro 09, 2021

(DIM) Dois documentários de grande interesse

 


1. Durante dez anos - entre 2006 e 2016 - o realizador Kaku Arakawa acompanhou o quotidiano de Hayao Miyasaki, a quem associamos alguns filmes de animação de enorme qualidade desde O Meu Vizinho Totoro (1988) até  A Princesa Mononoke (1997)  ou A Viagem de Chihiro (2001), e culminando no Ponyo à Beira-mar (2008).

Nesta altura o canal japonês NHK oferece aos seus espectadores o resultado desse making of contínuo, dedicado ao processo criativo do grande mestre sem escamotear o seu mau feitio de misantropo. E ademais com legendas em português!

Logo no primeiro episódio dos dez disponíveis afere-se como Miyasaki recebe com grande irritação a persistência do filho Goro em trilhar-lhe os mesmos caminhos, estreando o seu primeiro filme, quando ele o considerava ainda demasiado imaturo para se abalançar a tal projeto. Mas, relativizando esse (mau) carácter, podemos acompanhar o dia-a-dia entre maio de 2006 e o verão de 2007, para descobrir como lhe surgem as ideias ou cria, a aguarela ou pastel, os cinquenta painéis de base, a seguir trabalhados em estúdio, para concretizar a longa-metragem seguinte.

Decerto veremos os nove episódios seguintes com o mesmo interesse do que o despertado pelo inicial.

2. Interessante, igualmente, o documentário de Jens Monath, datado de 2019, em que se aborda a história do reino da Arábia Saudita, cuja fundação remonta a 1932. Em Les Maitres de l’Arabie vai-se até ao passado mais ancestral, quando os comerciantes nabateus percorriam a península arábica e instituíram o culto a pedras tal qual o vemos expresso na cidade jordana de Petra. Assim se compreende como, muito anos de Maomé, já se venerava a pedra negra, porventura oriunda de um meteorito, que continua sacralizada na Caaba de Meca. Mas também como foi determinante para o puritanismo vigente no atualidade a aliança que um dos antepassados dos Saoud  estabeleceu com um pregador, Mohammed ibn Abd al-Wahhab, em 1744, que impôs todos os dogmas passíveis de serem castigados com chicotadas ou mesmo a morte, se transgredidos.

Hoje em dia a Arábia Saudita está num impasse que só com mais liberdade política e menos influência religiosa poderá superar...

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