domingo, janeiro 31, 2016

SONS: Piotr Anderszewski interpreta Bach, Schumann e Janacek

O filme de quase uma hora, aqui linkado (https://www.youtube.com/watch?v=rKxsvkzIVpc), está falado em polaco e não tem legendas, mas merece a nossa atenção, porque, constitui um conjunto de reflexões de Piotr Anderszewski sobre a sua relação com o piano, de que é reconhecido como um dos mais exímios intérpretes atuais, e possibilita a demonstração prática desse talento com sucessivos momentos musicais.
Este domingo, pelas 19 horas, teremos a oportunidade para constatar ao vivo o que o filme mostra, num concerto com obras de Bach, Schumann e Janacek. Ora Anderszewski é, além de um dos intérpretes de referência das célebres «Variações de Diabelli» de Beethoven, um dos mais apreciados quando se trata de ouvir Bach.
Ora será com Bach, que ele iniciará o concerto - a Partita nº 6 em Mi menor, BWV 830 - e será com a Partita nº 1, em Si bemol, BMW825 que o concluirá. Ambas as obras foram compostas entre 1726 e 1730 quando Bach vivia em Leipzig e garantia o sustento com os alunos a quem ensinava.
As Partitas enquadraram-se nessa lógica educativa, porque costumavam ser obras baseadas em variações muito comuns na Itália da época. No entanto, como as cortes andavam entusiasmadas com as danças,  estas obras serviriam esses mesmos propósitos. Daí que, para facilitar a sua divulgação e interpretação, Bach as tenha publicado a expensas próprias em 1731 com o título «Clavier-Ubüng”.
«Papillons, op. 2» é a obra de Robert Schumann, que integra o programa do concerto e foi composta exatamente um século depois das de Bach e na mesma cidade de Leipzig. O tema também é a dança, já que evoca um baile onde dois irmãos competem pelo amor da mesma mulher. E como estamos em pleno Romantismo, a obra enquadra-se na exaltação emocional, que caracterizava a época.
Na outra obra do programa - «Sobre um Caminho Verdejante» de Léos Janacek -, composta na primeira década do século XX, constatamos já o fim do Romantismo e a sua substituição pela estética modernista com influências na música tradicional.
Dado que, na quinta-feira, a mesma sala terá outro grande pianista, Nikolai Lugansky a interpretar Rachmaninov, Saariaho e Stravinsky com a Orquestra Gulbenkian, podemos considerar que, musicalmente, Lisboa tem esta semana excelentes ofertas para os melómanos mais exigentes.


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