É excelente a forma como o realizador argentino Fernando Birri explica o sentido da utopia: “a utopia é algo que colocamos no nosso horizonte, damos dez passos e ela afasta-se dez passos, damos mais dez passos e ela afasta-se outros dez. Mas é para isso mesmo que ela serve — para nos fazer caminhar”
Cumprindo-se em 2016 o quinto centenário da publicação da “Utopia” de Thomas More é oportuno reafirmarmos o nosso direito a exigirmos uma sociedade diferente daquela onde vivemos.
Termos os olhos orientados para o futuro e nele planearmos a correção das múltiplas injustiças, que nos indignam e comovem, constitui a motivação para recusarmos a abulia e a estagnação.
Como o caminho se faz a andar, é nesse movimento contínuo de conjugação de vontades, que a sociedade pode ser transformada. Sem precisarmos de grandes insurreições para se ocuparem os Palácios de Inverno dos nossos dias, porque há pequenas e quase impercetíveis mudanças quotidianas com maior potencial de transformação do que as entusiasmantes revoluções abruptas cujos cravos acabam mais tarde ou mais cedo por estiolar.
Na reaferição constante das nossas Utopias ainda não faz sentido voltar a questionar a legitimidade da propriedade privada, mas podem-se dar passos determinados na direção de uma sociedade menos desigual...
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