terça-feira, janeiro 19, 2016

ARTES VISUAIS: «A Encantadora de Serpentes» (1907) de Henri Rousseau

Rousseau, pintor autodidata e tardio, pouco viajou. A maioria das suas selvas foram pintadas no Museu da História Natural e no Jardim das Plantas. A exemplo de Roussel nas suas «Impressões de África», Rousseau alimentou em Paris os seus sonhos de exotismo.
Entre os seus fervorosos admiradores estiveram Alfred Jarry, André Breton, Guillaume Apollinaire, Robert Delaunay - cuja mãe encomendou este quadro - ou ainda Pablo Picasso. A este último, Rousseau disse um dia: «No fundo você faz no estilo egípcio o que faço no estilo moderno».
Esta alusão é surpreendente e até divertida. E, no entanto, tudo neste quadro é novo a começar pelo tema: uma Eva negra  num Paraíso inquietante, a encantar uma serpente tão assustadora, quanto a da Génesis era sedutora.
E também o estilo: cores densas, em contraluz, antecipando as de Magritte, com um traçado ao mesmo tempo naïf e preciso, uma composição vertical e uma assimetria inovadora.
A figura humana, os animais e o cenário vegetal são executados com a minúcia de um tratamento uniforme.
Esta mulher encanta a natureza selvagem, ou fixa-a num estranho silêncio. O universo fantástico desta tela anuncia o surrealismo.

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