Durante mais de mil anos, o Império Romano dominou o Ocidente convencendo-se de que jamais isso deixaria de acontecer. Mas o seu fim chegou e a Antiga Roma passou à História, perdendo a glória e só dela conservando a memória.
No século XIV a cidade medieval é uma sombra da que ali existira, reduzindo-se a edifícios em ruínas, a uma população reduzida e ao domínio de barões que, em torneiros, decidiam quem exercia o poder. A violência e a miséria são uma constante, desgostando o jovem Nicola di Rienzo, que percorre ruas e vielas imaginando o que ali existira em tempos idos.
Um dia, nos escombros de uma igreja encontra uma estela antiga, com inscrições em latim, que ali passara despercebida nos últimos mil anos.
Fascinado com o achado, decide aprender essa língua há muito em desuso e que lhe estimula a imaginação. Esse é o momento decisivo em que se irá decidir o seu destino e o da própria cidade por constituir um momento precursor do movimento renascentista.
Nicola nascera em 1313, quando Roma já em nada se podia comparar com as grandes metrópoles europeias de então: Paris, Veneza e Praga. E até os Papas a tinham preterido em favor da bem mais civilizada cidade de Avinhão.
Petrarca, o grande poeta de então, chorava em versos o estado em que se encontrava a cidade: os barões reservavam para si os magros recursos do Estado, escondendo o produto dos seus roubos em autênticos antros de banditismo. Sem o mínimo escrúpulo pilhavam igrejas e dinheiros públicos.
Ao contrário desses aristocratas crapulosos, Nicola tinha origens humildes, já que o pai era estalajadeiro e a mãe lavadeira. E, mesmo vivendo num bairro miserável, sem grandes riquezas que se cobiçassem, o irmão de Nicola fora assassinado pelos esbirros dos barões.
O facto de Nicola ter sobrevivido aos constrangimentos então vividos por uma criança e viesse a governar a cidade é já, em si, extraordinário. Mas que tivesse convencido multidões a irem para a guerra ou a colocarem-no no poder justifica bem a lenda criada em torno da sua figura.
Ele apaixonou-se de tal forma pelo sítio onde nascera que meteu na ideia reconstruir o que ali existira.
Apostando na necessidade de se dotar dos recursos da erudição, aprendeu latim com um padre, que o tomou sob a sua proteção. Essa língua constituía, para ele, um autêntico foco de luz, que iluminava o tempo dos antigos e lhe falava de um passado glorioso
Com os textos dos autores antigos, Nicola criou um mundo de fantasia em que as virtudes eram exaltadas, um Império a coabitar com a Justiça e com a nobreza.
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