sábado, janeiro 22, 2022

O olhar, os pintores e o cinematógrafo

 

O cinematógrafo dos irmãos Lumière teria surgido sem a Revolução Industrial? Sobretudo sem o comboio, que dela foi um dos principais legados acelerando o tempo, aproximando distâncias e permitindo uma apreciação da realidade, que equivaleria ao que a sétima arte popularizaria enquanto travelling?

O movimento dos comboios começou por estimular os pintores a traduzi-lo nas suas obras: Turner, primeiro, e depois Monet com as telas pintadas na Gare de Saint Lazare. E também os grandes fotógrafos da época, Henri Rivière em particular, usaram as suas câmaras para antecipar o que seriam os planos depois reproduzidos ao ritmo de vinte e quatro imagens por segundo. Na recém-inaugurada Torre Eiffel este último experimentou o «plongée», ou seja o que se poderia ver a partir de um plano superior. Mas, curiosamente, também outro pintor - Caillebotte - já imaginara essa experiência num dos seus quadros.

O que significa que, através das novas tecnologias, das propostas de pintores e de fotógrafos, o cinematografo encontrou as condições para tornar-se na expressão artística de sucesso, que víria a surpreender-nos de tantas formas desde essa icónica noite de 28 de dezembro de 1895 na cave do Grand Café de Paris.

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