segunda-feira, janeiro 17, 2022

A Corrèze de Henri Cueco

 


Um documentário sobre um pintor francês, cuja existência desconhecia - Henri Cueco (1929-2017) - devolveu-me às paisagens da Corrèze, que conheci no início dos anos 70, quando Portugal ainda suportava os rigores do marcelismo.

Filho de um exilado espanhol e de uma francesa, o pintor foi um autodidata, que muito deveu a notoriedade à filiação comunista entre 1956 e 1976, com quadros influenciados por essa militância política, mas também com outros, igualmente figurativos, onde ressaltava o fascínio pela paisagem da região.

Que se tratasse de um artista comunista, não me espanta, porque o ambiente que então conheci, muito privilegiava a ligação das pessoas ao maquis

durante a Segunda Guerra, sofrendo por isso os subsequentes custos: ainda se recordavam tios e vizinhos, que tinham sido mortos pelos nazis.

Anos depois - passados os anos da Força Tranquila de Mitterrand - deu para constatar a transferência das simpatias para outro filho da região: o futuro presidente Jacques Chirac. Talvez tenha sido essa tendência, que levou o próprio Cueco a abandonar o partido alegadamente fascinado por propósitos libertários.

A paisagem verde, atravessada por ribeiros em cujas margens se iam colher cogumelos e onde apascentavam e bebiam as vacas, continua a mesma: lindíssima! 

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