sábado, dezembro 11, 2021

Schönberg ou Stravinsky?

 

Fará algum sentido discutir o valor de um comparativamente com o do outro? Ou sobre qual melhor representaria o futuro da música do futuro, alimentando o debate entre a música tonal ou a atonal?

A filha do compositor austríaco considera absurdos os comentários dos que vão às salas de concertos e dizem nada compreender da música do pai. Mas interroga com pertinência: a música é para ser compreendida ou sentida? Leonard Bernstein, que muito defendeu a sua obra, considerava-a expressão do que poderia ser algo oriundo de outro planeta, quiçá universo.

A verdade é que ouvir «Pierrot Lunaire» implica uma disponibilidade para o diferente, para o novo, que não se coaduna com quem apenas deseja a facilidade dos sons canónicos de épocas anteriores. Pode-se preferir milhentas outras peças eruditas, mas desafiarmo-nos a escutar a obra do criador do dodecafonismo implica disponibilizarmo-nos para a surpresa, para a capacidade para de sairmos da zona de conforto das nossas certezas e preferências.

Hoje em dia é mais fácil apreciar a música de Stravinsky do que daquele que vivia a escassos 12 quilómetros em Los Angeles, mas contra quem os admiradores de um e de outro tinham cavado abismos de rivalidade. Mas não fora «A Sagração da Primavera»  também alvo de violenta pateada, quando se estreara em Paris em 1913? Não suscitara até a desconfiança em Diaghilev que, porém, tanto contribuíra para o prestígio do compatriota, quando estreara o «Pássaro de Fogo»  com os seus Ballets Russes?

A atitude mais judiciosa é não tomar partido por Schönberg ou por Stravinsky, quando se colocam os dois par a par para preterir um em relação ao outro. Mesmo que tenha inócua, mas singular discrepância com o primeiro: enquanto para ele a sexta-feira 13 de julho - a de  1951 - significou o fim de tudo, a seguinte - a de 1956 - representaria precisamente o começo de quanto depois tenho vivido.

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