sexta-feira, outubro 29, 2021

Tenet, Christopher Nolan, 2020

 

Azar o meu que nunca tive um professor de física, que percebesse alguma coisa de mecânica quântica e passasse pelo crivo estipulado por Richard Feynman para os seus alunos: só perceberiam algo da relatividade ou de outros conceitos pós-newtonianos se os conseguissem explicar às respetivas avós analfabetas e elas os conseguissem compreender. Como já sou avô, esperemos que alguma das minhas netas me venha a dar explicação clara e concisa sobre tais noções, porque, quando andei embrenhado a compreender a teoria das cordas e outras afins fiquei praticamente na mesma. Da Física continuo no tempo em que uma maçã caía da árvore e embatia na atónita cabeça de quem por baixo se encontrava.

Vem isto a propósito de Tenet, o filme aclamado como salvador da indústria cinematográfica no mundo pós-pandemia, mas que se baseava em coisas esdrúxulas como era o caso das entropias reversíveis. Numa sucessão de cenas à James Bond, mas sem a ironia, que constatávamos em muitos desses filmes, vi-me no meio de uma guerra entre alguém do futuro e audazes agentes do presente, que procuravam salvar o mundo de um arquivilão formado na antiga União Soviética e interpretado por Kenneth Branagh. O filho de Denzel Washington faz de protagonista e tem a ajuda de Robert Pattinson, passando igualmente por ali um Michael Caine em versão «encontraram-me ali à esquina e convidaram-me a fazer uma perninha para o filme que estavam a rodar»!

Noutra metáfora possível para descrever o filme é como se me deparasse com vistoso e ruidoso fogo-de-artifício, quase ensurdecendo com tanta chinfrineira - e que cuidados devo ter para não perder o ouvido ainda razoavelmente bom que me resta! - mas de que me ficará escassa lembrança quando mo quiserem recordar daqui a algum tempo.

Manifestamente já não tenho idade nem paciência para filmes apropriados para acompanhamento com pipocas.

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