O que de melhor tem a filosofia é desafiar-nos para perspetivas, que não tinham sido as nossas até no-las transmitirem. No caso deste livro de Paul Audi fica a da conotação do sentimento de compaixão pelo outro como prova da nossa humanidade, mas o singular paradoxo dela decorrer da nossa identificação com essa pessoa. Como se, condoendo-nos dela, fizéssemos a catarse do que sofreríamos se os seus males fossem também os nossos. E também outra ambiguidade: quem sofre quer livrar-se tão lestamente quanto possível dessa dor pelo que a deferência alheia a seu respeito pode ser sentida como uma provação, um incómodo a que gostaria de se poupar.
Outro das interrogações deixadas pelo autor é esta: a compaixão é explicada pelo amor ou pela justiça?
Convenhamos que nunca atentara tão detalhadamente sobre esse tipo de emoção e Audi dá-a a conhecer na forma como foi evoluindo com o pensamento humano desde Aristóteles a Levinas.
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