sexta-feira, agosto 13, 2021

Indiana Jones como sucedâneo do reaganismo

 

Comemoram-se este ano os 40 anos da estreia de Os Salteadores da Arca Perdida, que abriu as portas para uma série de réplicas por ele influenciadas, mas sobretudo radicado naquele cinema de aventuras dos anos 30 e 40, que estivera na mente dos dois cúmplices. Spielberg e George Lucas entravam nessa década de 80 a encabeçarem a rutura com um tipo de filmes orientado para um público adulto e em que se questionava criticamente a guerra do Vietname. A época das pipocas e da coca-cola conhecia o seu fulgor, desde então jamais esmorecido, com filmes de mero entretenimento consentâneos com a mudança política operada na Casa Branca quando Ronald Reagan sucedera a Jimmy Carter. Não admira que o herói saído da imaginação do realizador e do seu produtor refletisse a superioridade do homem branco perante os povos onde procurava achados arqueológicos e que, de passagem, criassem temáticas esotéricas de sabor ideologicamente controversas. Ameríndios, negros, indianos ou árabes estavam destinados a serem os maus da fita, mesmo que os nazis se lhes equivalessem em malignidade.

Com competência técnica e narrativa, Spielberg e Lucas serviram globalmente um daqueles apetitosos manjares de junkie food, que dão prazer a quem os come mas, na realidade, lhes faz extremamente mal. Sobretudo por não enjeitarem uma lógica profundamente reacionária.

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