terça-feira, outubro 06, 2020

(DL) Elena Ferrante, A Vida Mentirosa dos Adultos

 

Sempre que leio os romances da famosa escritora italiana é para lhe tentar descobrir as razões porque enleia o leitor numa armadilha tão bem congeminada, que quase todos os seus rendidos apreciadores replicam um conhecido escritor norte-americano, que pediu ao agente para lhe arranjar os diversos romances por ela assinados dedicando-lhes morosa leitura numa tournée  de apresentação dos seus livros pelos Estados Unidos e, em poucos dias, tinha-os lido todos.

Uma vez mais não encontrei a fórmula secreta que torna a narrativa envolvente, ainda que sentisse este romance menos conseguido do que os anteriores, já que, embora sendo um dos quatro ou cindo livros que vou lendo quase ao mesmo tempo, demorei-me nele uma semana. Talvez porque me irritou essa narradora, uma rapariga adolescente decididamente do contra: os pais alertam-na para não conhecer a horrível tia Vittoria e ela não descansa enquanto o não faz. Depois, não deixa de dar o contributo para o estilhaçamento da família, tal qual lhe previam resultar desse contacto, mesmo que os fundamentos dessa rutura já andassem há muito a acumular-se. Chegamos a desejar que ela não se envolva fisicamente com um estroina e com o amigo mafioso e ela logo se compraz em dar prazer sexual a um e a manter um assédio contínuo ao outro.

Avança-se e também consideramos moralmente reprovável, que tente roubar o namorado a uma suposta amiga, e ela até vai de Nápoles a Milão para ver se se enfia nos lençóis onde a outra terá estado na véspera.

Em suma a história é banal, passada entre gente de classes sociais diferenciadas, mas que acaba por em pouco se diferenciarem e, no fim, ficamos com o amargo de boca de darmos razão a Shakespeare num dos seus mais famosos títulos: Much Ado about nothing!

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